A cantora angolana Yola Semedo defendeu a importância de a classe artística, em particular os cantores, trabalhar intensamente para dar continuidade à promoção da cultura angolana em tempo de crise, sendo que o showbiz não está inume da má fase económica que o país enfrenta.
“Não está fácil para ninguém. É altura de realmente mostrarmos a qualidade que tem o nosso trabalho, porque aqueles que têm trabalho com qualidade estão a sobreviver”, referiu a cantora em entrvista ao ONgoma News, tendo alertado a sociedade de que a internet nem sempre retrata a realidade. “É importante continuarmos a batalhar para sobreviver a essa crise, e quando ela passar teremos bagagem, porque andamos a ensaiar durante o tempo difícil e a dar os passos necessários para continuarmos a fazer que a nossa cultura se desenvolva”, defendeu.
Com mais de vinte anos de carreira e vários prémios a nível nacional, Yola Semedo mostra gratidão a Deus “pelo dom, pela família maravilhosa, pela humildade com que aprecia cada momento e a trajectória da música e cultura angolana”, sendo que também se sente honrada por estar a contribuir para o seu crescimento.
A fama não aparece da noite pra o dia, mas nós temos que batalhar. Há alguns que infelizmente querem a papinha toda feita, mas a vida não funciona assim...
Questionada sobre a interacção com os músicos mais novos, a contora referiu que esta seria mais forte se a sua agenda permitido. Ainda assim, à nova geração a cantora endereçou o conselho: “quem quer e precisa tem de correr atrás. A fama não aparece da noite pra o dia, mas nós temos que batalhar. Há alguns que infelizmente querem a papinha toda feita, mas a vida não funciona assim. Não só na música, mas em todas as profissões”, alertou.
O que se está a fazer lá fora é um estilo muito bonito e bem-vindo, eu gosto, danço a sério, mas nós temos de fazer valer aquilo que é nosso...
Outro assunto abordado por Yola Semedo durante a nossa entrevista é a internacinalização da música angolana, em particular a Kizomba, sobre o qual considera que já muito foi feito, mas acredita que ainda há muito por se fazer. Para ela, a protecção e reconhecimento da identidade do estilo Kizomba tem de começar “em casa”, nomeadamente em Angola, e só depois o mundo o fará. “Porque senão, aos poucos, a nossa Kizomba é levada para lá fora, é alterada e só ficará o nome. Todos sabemos que a Kizomba é mesmo aquela nossa farra de quintal, é música para dar as nossas passadas. O que se está a fazer lá fora é um estilo muito bonito e bem-vindo, eu gosto, danço a sério, mas nós temos de fazer valer aquilo que é nosso, a Kizomba e o Semba, aquilo que é a nossa percursão, a nossa música ao vivo, para que realmente lá fora nós possamos ter bagagem para ensinar ao mundo a distinguir uma coisa da outra”, conclui.